O incêndio do Museu Nacional e a perda de suas coleções numa escala ainda não dimensionada, mas certamente muito extensa é a maior tragédia ocorrida na história da cultura do Brasil. Os efeitos para a pesquisa científica, a educação e a formação cultural da sociedade brasileira são incomensuráveis. Esse evento funesto ficará nos registros não apenas do Brasil, mas da humanidade como outras grandes perdas semelhantes ao longo da história.
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, instituição coirmã do Museu Nacional, completando seus 180 anos de fundação, sente-se profundamente ferido pelo que aconteceu.
O IHGB indaga da sociedade e dos agentes públicos e privados envolvidos com a ciência e a cultura, até quando situações como esta cairão sobre nós?
Esperamos que o trauma não se desvaneça na indiferença. Que corresponda a uma efetiva reação para que se reconstitua o que for possível do Museu Nacional; e ainda que se aprenda com a experiência – já que as advertências anteriores não parecem ter encontrado muito eco – de modo a evitar novas tragédias.
Consciência social que valorize os acervos, responsáveis por boa parte de nossa memória e identidade como povo; políticas públicas que efetivamente apoiem e viabilizem as instituições, oficiais e privadas, que a esse fim se dedicam. São comportamentos sem os quais apagaremos de nossa vivência coletiva as experiências passadas, vivendo em horizontes cada vez mais restritos e anulando nossa identidade.
O IHGB, casa que se constituiu para pensar o Brasil e detentora de importante acervo sobre ele, espera que finalmente aprendamos a preservar o passado para viver o presente e projetar o futuro.
Que não haja outra tragédia, anunciada ou não, na cultura brasileira.
Arno Wehling
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB