Abertura

Av. Augusto Severo, nº 8 - Glória - 20021-040 - Rio de Janeiro - RJ.
Edição: Victorino Chermont de Miranda - Colaboração: Arno Wehling
Só os nomes dos sócios do IHGB são grafados em negrito
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LEMBRANÇAS DO CARNAVAL CARIOCA NAS COLEÇÕES DO IHGB

noticiario 318 imagem 01Em tempo de Carnaval, nada melhor do que recorrer à Coleção do IHGB, para encontrar algum testemunho da folia nos tempos de antanho.

E é o que apresentamos, nesta edição: um ingresso do baile de 1888 do Club dos Fenianos, no Rio de Janeiro, recentemente adquirida em leilão de papéis, e a fotografi a de um de seus carros alegóricos no Carnaval de 1922, publicada na revista Fon-Fon.

O Fenianos, criado em 1869, foi uma das três grandes sociedades carnavalescas do século XIX, juntamente com o Club dos Democráticos e o dos Tenentes do Diabo. Antecessores das escolas de samba, desfi lavam, nos dias de Carnaval, pelas ruas do Rio, com seus carros alegóricos movidos por tração animal.

noticiario 318 imagem 02Tais desfiles representavam uma reação ao costume popular do entrudo e remontavam aos idos de 1855, com o surgimento do grupo intitulado Congresso das Sumidades Carnavalescas, que, segundo José de Alencar, um de seus fundadores, juntamente com Manuel Antonio de Almeida, contava já com cerca de oitenta sócios “de boa companhia”, que se propusera a desfi lar no domingo de carnaval, com banda de música, fl ores, máscaras e roupas luxuosas, como registrado por Escragnolle Doria, em crônica na Revista da Semana, de 1º de março de 1924. яндекс

Reza a crônica da época, que, tamanho fora o sucesso de tal desfi le, que o próprio D. Pedro II, no ano seguinte, fora assistir a chegada do préstito no Largo do Paço.

noticiario 318 imagem 03noticiario 318 imagem 04Haroldo Costa, em seu livro “100 anos de Carnaval no Rio de Janeiro”, registra três dados importantes para a história dos Fenianos: que a sociedade assim se chamara em homenagem aos soldados irlandeses católicos que, de 1865 a 1869, lutaram para libertarem-se do jugo inglês; que, no Carnaval de 1889, desfi laram com esplêndida alegoria à Lei Áurea, cantando “a luz de um novo sol” que detraíra “a nódoa estranha que há três séculos manchava o nosso pavilhão” e, fi nalmente, que, no primeiro carnaval do século passado, apenas eles e os Democráticos haviam desfi lado e que o cortejo tivera o ponto alto na Rua do Ouvidor, “estreita como ainda é nos dias de hoje, mas por onde os carros alegóricos conseguiam passar e o numeroso e animado público conseguia assistir e aplaudir”.

Campeão dos desfiles em 1939, 1948 e 1952, nestes dois últimos anos sob a direção do carnavalesco Franklin Fonseca, o Fenianos, não resistiu ao advento das escolas de samba e deixou de existir na década de noventa do século passado.

Administração

Atos do Presidente

- Edital nº 01/17, de 6 de fevereiro – Declara aberta a vaga no quadro de sócios correspondentes estrangeiros em decorrência do falecimento da sócia Andrée Mansuy-Diniz Silva.

Atividades de Março

22 15h

CEPHAS com as comunicações: Ordem beneditina e garrote absolutista - o caso brasileiro, por Arno Wehling, e Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro 425 anos, por George Ermakoff e Dom Mauro Fragoso.

22 15h

CEPHAS com a apresentação do livro O Rio de Janeiro nas notícias da Gazeta de Lisboa 1715-1750, por Carlos Francisco Moura.

22 16h

Apresentação e lançamento do livro Relações Internacionais do Brasil – Antologia comentada de artigos da Revista do IHGB 1841-2004, organizado por Luiz Felipe de Seixas Corrêa. Participação de Sérgio Eduardo Moreira Lima, presidente da FUNAG.

 

Estatísticas

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Corpo Social

NOTÍCIAS DE SÓCIOS

Aniello Avella organizou, em Roma, na Universidade Tor Vergata, encontro em homenagem a Marco Lucchesi. Dia 27 fev.

Candido Mendes comentou, em sua coluna em O Globo, as surpresas do programa e a falta de coerência da política externa do governo Trump. Dia 9 fev.

Fernando Henrique Cardoso abordou, em O Globo, a reversão das expectativas geradas pelos governos anteriores diante da extensão da crise em que o país mergulhou. Dia 5 fev.

José Almino de Alencar discursou, na Câmara dos Deputados, na sessão comemorativa do centenário de nascimento de seu pai, Miguel Arraes. Dia 13 dez.

Kenneth Maxwell evocou, em artigo em O Globo, as fi guras de dois jovens brasilianistas - David Davidson e William Simon - precocemente desaparecidos em razão de traumas sofridos na Guerra do Vietnã e nos confl itos raciais da sociedade americana do século passado. Dia 17 fev.

Luiz Alberto Moniz Bandeira criticou, em entrevista ao jornal on line GGN, o que chamou de politização da Justiça no atual momento político brasileiro. Dia 28 dez.

Mary del Priore lançou, pela Leya Brasil, seu novo livro Histórias da Gente Brasileira: Império.

D. Orani Tempesta participou, em Roma, de reunião plenária da Congregação para a Educação Católica, de que é membro, e foi entrevistado pela Radio Vaticano.Dia 7 fev.

Roberto DaMatta abordou a caótica situação dos presídios brasileiros e suas remotas origens, a partir de uma das aquarelas de Debret reproduzida no livro de Júlio Bandeira e Pedro Corrêa do Lago. Dia 11 jan.

Sergio Paulo Muniz Costa comentou, em sua coluna no Diário do Comércio, de São Paulo, a crise na área de segurança e a omissão do Estado no combate ao crime. Dia 16 jan.

Vera Lucia Cabana de Andrade teve seu livro “Colégio Pedro II: polo cultural da cidade do Rio de Janeiro”, escrito em coautoria com Beatriz Boclin Marques dos Santos, resenhado por Leonardo Cazes, na seção Prosa de O Globo. Dia 31 dez.

SÓCIA FALECIDA

O Instituto perdeu, em 30/01/2017, a sócia correspondente estrangeira Andrée Mansuy-Diniz Silva, nascida na França e falecida em Portugal.

Licenciada em Letras (filologia, literatura e civilização portuguesa e brasileira) pela Universidade de Paris e com doutoramento na Sorbonne, firmou-se como notável especialista sobre a história da sociedade e da cultura portuguesas no final do Antigo Regime e, notadamente, a figura de D. Rodrigo de Souza Coutinho, sobre o qual publicou mais de uma dezena de estudos, dentre os quais Textos políticos, econômicos e financeiros (1993, 2 v.) e Portrait d’un homme d’Etat – D. Rodrigo de Souza Coutinho (2 v.).

Sua tese de doutoramento a propósito da obra de Antonil foi publicada em Paris, Lisboa e São Paulo.

Participou de inúmeros congressos e seminários no Brasil e colaborou em obras de nomeada como The Cambridge History of Latin America, o Dicionário da História da Colonização Portuguesa no Brasil e a revista Clio, do Centro de História da Universidade de Lisboa.

Ingressou no IHGB 10/12/2008.

DESTAQUES NA IMPRENSA

noticiario 318 imagem 07O destaque, no período, ficou para o Pe. Jesus Hortal Sanchez pelos seus 90 anos. Canonista de reconhecidos méritos, ex-reitor da PUC Rio (1995-2010), representante da Arquidiocese do Rio de Janeiro no Diálogo Cristão-Judaico e membro do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano, Pe. Hortal teve seu natalício assinalado por missa na Paróquia de São José, na Lagoa, em 14 de fevereiro, concelebrada por D. Orani Tempesta e diversos sacerdotes, e foi capa da edição de 19/25 de fevereiro do jornal Testemunho de Fé, da Arquidiocese, e de elogiosos artigos do próprio D. Orani e da teóloga Maria Clara Bingemer. яндекс

A ele nossos melhores votos.

OS CENTENÁRIOS DE 2017

O Instituto recorda, neste ano, o centenário de nascimento de 11 confrades: Dalmo Freire Barreto (12 jan.), Miguel Paranhos do Rio Branco (21 jan.), Jayme de Sá Menezes (3 abr.), Pedro Brasil Bandeccht (30 abr.), Ivolino de Vasconcellos (5 jun.), Hilgard O’Reilly Sternberg (5 jul.), Ney Amintas de Barros Braga (25 jul.), Josué Montello (21 ago.), Delso Renault (1 out.), Leda Boechat Rodrigues (7 dez.) e Geraldo Eulálio do Nascimento Silva (18 dez). A todos nossa homenagem.

Outras Notícias

Outras Notícias

noticiario 318 imagem 05– O botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), autor do célebre mapa dos biomas brasileiros (Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, selva Amazônica e Pampa) é tema da exposição “O mapa de Von Martius ou como escrever a História Natural do Brasil”, inaugurada no Instituto Moreira Sales, com a curadoria de Julia Kovensky e de Iris Kantor, em 3 de fevereiro, e aberta ao público até 16 de abril.

noticiario 318 imagem 06– Notícia publicada no suplemento literário do jornal A Manhã, edição de 15/11/1942, revela que o IHGB sediou a reunião de instalação da seção carioca da Sociedade dos Escritores Brasileiros, fundada em São Paulo no início daquele ano. O ato teve lugar no dia 13 de novembro, na Sala Varnhagen, havendo o presidente do IHGB, José Carlos Macedo Soares, posto à disposição da referida entidade a citada sala para que ali se pudesse reunir até possuir sede própria. Dentre os integrantes da novel associação achavam-se os depois membros do IHGB Gilberto Freyre, Múcio Leão, Francisco de Assis Barbosa, Levi Carneiro, Anibal Machado, Luiz Viana Filho, Afonso Arinos, Odylo Costa Filho e Vianna Moog, havendo os 1º e 2º listados sido eleitos vice-presidente e 1º secretário da entidade, que teve como primeiro presidente o poeta Manuel Bandeira.

Livros Recebidos

AMADO, Rosane de Sá (Org.). Estudos em línguas e culturas macro-jê. São Paulo: Paulistana, 2010. 243 p.

BACELAR, Manoela Queiroz. Tombamento: afetos construídos. Fortaleza: IBDCult, 2016. 205 p.

BRASIL, Helio; REIS, José Rezende. O Solar da Fazenda do Rochedo e Cataguases: memórias. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Sinergia, 2016. 340 p.

CANETTI, Elias. A consciência das palavras. Tradução Mário Suzuki, Herbert Caro. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 323 p.

CIRANO, Marcos. Joaquim de Arruda Falcão: contra o rugir da unanimidade. Recife: Assembléia Legislativa de Pernambuco, 2001. 189 p.

DANTAS, Ibarê. Imprensa operária em Sergipe: (1891-1930). Aracaju: I. Dantas, 2016. 198 p.

FERNANDES, Neusa; COELHO, Olínio Gomes P. Efemérides cariocas. Rio de Janeiro: Ed. dos Autores, 2016. 779 p.

LAGARDÈRE, Bethy. Tenho apetite de almas: uma fotobiografi a de Nélida Piñon. Rio de Janeiro: Arte Ensaio, 2013. 248 p.

LIVRO de Registro dos dados biográfi cos de brasileiros ilustres: Rio Grande do Norte. Organização, apresentação e notas de João Gothardo Dantas Emerenciano. Natal: O Potiguar, 2016. 159 p.

MAXWELL, Kenneth. Mais malandros: ensaios tropicais e outros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. 268 p.

MENDES, Candido. A latinidade ou o outro Ocidente. Rio de Janeiro: Educam, 2016. 135 p.

MENDES, Candido. Subcultura e mudança: por que me envergonho do meu país. Rio de Janeiro: Educam, 2010. 156 p.

NISKIER, Arnaldo. A reforma da educação: 141 artigos sobre educação, ciência e cultura de 2004 a 2016. Rio de Janeiro: Consultor, 2016. 221 p.

PAMPLONA, Patrícia (Org.). Transformações urbanísticas. Apresentação Washington Fajardo. Fotografi as Pepe Schettino. Rio de Janeiro: ID Cultural, 2016. 316 p.

SANTOS, Beatriz Boclin Marques dos;

ANDRADE, Vera Lucia Cabana de Queiroz. Colégio Pedro II: polo cultural da cidade do Rio de Janeiro: a trajetória de seus uniformes escolares na memória coletiva da cidade. Rio de Janeiro: Mauad, 2016. 174 p.

SEIXAS, Antônio. A vida de Alcindo Guanabara. Magé, RJ: Ed. do Autor, 2015. 72 p.

SENRA, Nelson de Castro. Tradição e renovação: uma síntese da história do IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. 221 p.

SOUTO, Judite Paiva. Uma vasta caieira: um estudo sobre os fabricantes de cal da Freguesia da Ilha do Governador: (1861-1900). Rio de Janeiro: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 2016. 164 p.

VELLOSO, João Paulo dos Reis. A comunidade de amor. Rio de Janeiro: Livros do Futuro, 2016. 200 p.

Algumas Pesquisas

BIGOSSI, Bruna Breda (Mestranda) - UFES. Assunto: Domingos José Martins. Finalidade: pesquisa para dissertação de mestrado.

CALDEIRA, Ana Paula Sampaio (Universitária) - UFMG. Assunto: Ferdinand Denis. Finalidade: projeto de pesquisa.

FERNANDES, Allan Felipe Santana (Doutorando) - UERJ. Assunto: anônimos e pseudônimos brasileiros. Finalidade: tese de doutoramento.

FERNANDES, Daniel André Pacheco (Pesquisador) - Editora Arcádia. Assunto: Chesterton. Finalidade: publicação de artigos sobre Chesterton.

LIMA, Tainá Dutra (Universitária) - UFRJ. Assunto: propaganda. Finalidade: trabalho de conclusão de curso.

NICOULIN, Martin (Historiador) - Assunto: Nova Friburgo. Finalidade: artigo.

GOMIDE, Maria de Lourdes (Professora) - E.T.E. Henrique Lage. Assunto: negros, Brasil. Finalidade: dissertação de mestrado.

SANTOS, Douglas Corrêa de Paulo (Mestrando) - UFF. Assunto: acórdãos e vereanças da Câmara. Finalidade: Dissertação de mestrado.

VIEIRA, Luis Otávio (Mestrando) - USP. Assunto: biografi as. Finalidade: dissertação de mestrado.

WAINSTOK, Rafael (Universitário) - UFRJ. Assunto: Horácio de Carvalho. Finalidade: pesquisa.

WARDI, Carla Frota (Universitária) - UFRJ. Assunto: Lagoa Rodrigo de Freitas. Finalidade: pesquisa.

ESCRITA DA HISTÓRIA

    Muito embora os humanistas partilhassem uma concepção dos valores eternos com os pensadores da Idade Média, distinguiam-se pela sua visão do homem como criador desses valores. Se bem que a moralidade fosse, em tempos, equacionada com a ordem divinamente decretada por Deus, era agora considerada em relação às instituições e práticas que os homens idealizavam a fim de levar uma «vida boa». O interesse pela história no século XV incentivou-se devido ao crescente envolvimento de homens instruídos no governo das suas cidades em Itália. O humanismo literário transformou-se num humanismo cívico mais amplo.

    Em Florença esperava-se que os altos funcionários da chancelaria escrevessem relatos históricos que fizessem a apologia da cidade e dos princípios que ela representava. Acima de todos distinguiu-se Leonardo Bruni, cuja História do Povo de Florença, começada em 1415, ficou por acabar devido à sua morte, em 1444: mas Salutati e Poggio também produziram notáveis penegíricos, enaltecendo as liberdades florentinas em contraste com as várias tiranias que ameaçavam a cidade. Cada um deles utilizava uma concepção de liberdade derivada de Cícero, ao passo que na estrutura das suas histórias seguiam os grandes historiadores de Roma. Salústio e Tito Lívio, em particular, eram tidos em grande apreço. Qualquer desvio em relação aos seus métodos era prova de mau gosto. As únicas matérias julgadas dignas de serem incluídas numa história eram as que diziam respeito à condução da vida pública.

B. A. Haddock, Uma introdução ao pensamento histórico,
Lisboa, Gradiva, 1989, p.16.