Abertura

O IHGB e a decisão do STF sobre as biografias

O Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, pela inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, dos artigos 20 e 21 do Código Civil de 2002, que exigia autorização prévia do biografado e de seus herdeiros para a publicação de biografias.

O IHGB, que, desde a primeira hora, figurou como amicus curiae na ADI 4.815/DF ajuizada pela Associação Nacional dos Editores de Livros – ANEL, por intermédio da Faculdade de Direito Rio, da Fundação Getúlio Vargas(Noticiário, nº 288, nov./dez. 2013 – Retrospectiva), saúda tal decisão, pelo que representa de reconhecimento do direito de liberdade de expressão.

E foi exatamente o que os professores Joaquim Falcão e Thomaz Pereira, da FGV, assinalaram no artigo “Liberdade histórica” em que comentaram dita decisão, fazendo eco à posição do IHGB: “Ontem o Supremo acabou com o direito de biografados e seus parentes vetarem a publicação de biografias, seja por interesse monetário, seja porque queiram esconder algum fato, seja por que discordem da interpretação sobre a vida biografada. Com isso, protege-se a liberdade de expressão e, como lembra o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, protege-se a liberdade de pesquisar, ensinar e aprender. Assim, o Supremo também acabou com o nepotismo na cultura brasileira” ( O Globo, 11 de junho).

IHGB promove Curso de Extensão em Arqueologia

303 abertura 01Dando sequência aos cursos de extensão que vem realizando, o IHGB promoveu, de 16 a 30 de junho, Curso de Arqueologia sob a direção do arqueólogoOndemar Dias. 

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O evento teve lugar na Sala Pedro Calmon e constou de 10 aulas, versando sobre os temas “Afinal, o que é Arqueologia?”, “Principais teorias e métodos da Arqueologia”, “Síntese da Pré-História arqueológica do Brasil. A Amazônia”, “Síntese da Pré-História arqueológica do Brasil. O litoral”, “Novas perspectivas da Arqueologia brasileira: campo do trabalho”, a cargo do diretor, “Como é regulamentada a Arqueologia no Brasil”, por Regiane Gambim (IPHAN), “Os brasileiros e a Arqueologia Clássica”, por André Chevitaresi (UFRJ), “Arqueologia Pública: educando patrimonialmente”, por Jandira Neto (IAB), “A contribuição da Antropologia Biológica para a Arqueologia”, por Murilo Bastos (Museu Nacional UFRJ), e “Arqueologia brasileira dentro das novas perspectivas de gestão do povo brasileiro”, por Cristina Lodi (IPHAN).

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Uma exposição de material atinente ao tema foi montada, pela Diretoria de Museu, na Sala Barão do Rio Branco.

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Administração

Noticiário de Administração

 

Representando o Instituto

– Comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no dia 10 de junho, no Palácio São Clemente - o 1º vice-presidente Victorino Chermont de Miranda.

– Sessão comemorativa do 186º aniversário de fundação da Academia Nacional de Medicina, 30/06/2015 – o presidente Arno Wehling.

Atividades de Junho

10 15h CEPHAS com as comunicações: Relatos ingleses: corsários na Bahia e em Pernambuco, por Sheila Hue, e Pedro I do Brasil como Pedro IV de Portugal – Questões pertinentes, por Paulo Maranhão.
16 a 30 14h às 17h Curso de Extensão de Arqueologia.
17 15h CEPHAS com as comunicações: Europa, Ocidente e Islã, por Franco Cardini, e Nos Salões da Viscondessa de Cavalcanti, por Vera Lúcia Cabana de Andrade.
24 15h CEPHAS com as comunicações: Brasilidade de exportação: A divulgação da cultura brasileira nos Estados Unidos na década de 1940, por Thiago Nicodemo, e Homenagem ao Centenário de Nascimento de Wilson de Lima Bastos, por Cybelle de Ipanema.

 

Programação de Julho

01 15h Sessão Temática – A guerra literária: os panfletos da Independência, por Marcelo Basile, Heloisa Starling, José Murilo de Carvalho e Lucia Bastos.
13 15h CEPHAS com as comunicações: Azeredo Coutinho, o bispo de Olinda, por Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, História da profissão Docente no Brasil e em Portugal, por Teresa Fachada, e apresentação e lançamento do livro “Dom Pedro II, Imperador do Brasil (O Imperador visto pelo barão do Rio Branco)” por Sergio Eduardo Moreira Lima e Luís Claudio Villafañe.
15 17h Sessão solene de posse do sócio honorário brasileiro Cícero Sandroni que será recebido pelo sócio emérito Alberto Venancio Filho e falará sobre José Carlos Rodrigues e o seu tempo.
22 e 29   Não haverá sessão da CEPHAS nos dias 22 e 29 de julho de 2015.

Estatísticas

Frequência de consulentes: 143.

Corpo Social

Notícias de Sócios

Armando Alexandre dos Santos realizou palestra, no XXV Encontro Monárquico, da Pró-Monarquia - Secretariado da Casa Imperial do Brasil, sobre “A verdadeira face do Conde d’Eu, revelada em sua correspondência pessoal”. Dia 6.

Fernando Henrique Cardoso abordou, em sua coluna em O Globo, as atuais dificuldades da política econômica brasileira. Dia 7.

João Eurípedes Franklin Leal foi agraciado com o título de sócio honorário e a Medalha Cultural Renato Pacheco do IHGES, ministrou cursos de Paleografia no referido Instituto e no STF, em Brasília, e lançou, em coautoria com Ana Regina Berwanger, a 5ª edição de seu livro Noções de Paleografi a e de Diplomática, na 42ª Feira do Livro de Santa Maria, RS.

Pe. Jesus Hortal Sanchez realizou palestra, no Centro Dom Vital, sobre Ecumenismo e Diálogo Interreligioso. Dia 13.

José Almino de Alencar teve sua poesia abordada, em comunicação de Pedro Serra, no Ciclo de Estudios Brasileños do Programa de Graduação da Universidade de Salamanca. Dia 29.

Lilia M. Schwarcz lançou, no Museu Nacional de Belas Artes, seu novo livroBrasil, uma biografia, escrito em coautoria com Heloisa Starling (Companhia das Letras), em evento seguido de conversa com José Murilo de Carvalho. Dia 2.

Luiz Alberto Moniz Bandeira foi agraciado com o título de Cidadão Santamarense, pela Câmara Municipal de Santo Amaro, BA. Dia 14.

Maria Beltrão pronunciou o discurso de recepção do maestro Marlos Nobre na cadeira 13 da Academia Brasileira de Arte. Dia 2.

D. Orani Tempesta apresentou, em entrevista coletiva na sede do Arcebispado, a encíclica Laudato Si, do papa Francisco. Dia 18.

Roberto DaMatta analisou, em sua coluna em O Globo, os riscos e dilemas das classificações de identidades. Dia 24.

Sergio Paulo Muniz Costa lançou História e Conhecimento: suas conexões e perspectivas, editado pelo Memorial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Dia 24.

Tania Maria Bessone autografou, na Livraria da Travessa, Ipanema, seu novo livro Palácios de destinos cruzados. Dia 17.

Vasco Mariz proferiu palestra sobre o centenário de Guilherme Figueiredo no PEN Clube do Brasil. Dia 15 jun.

Destaque na Imprensa 

303 corpo 01O destaque do mês ficou para Carlos Eduardo Barata, genealogista desde os 13 anos, coautor do Dicionário das Famílias Brasileiras, ex-presidente do Colégio Brasileiro de Genealogia e atual diretor do Museu do IHGB.

Barata foi tema da reportagem da Revista O Globo, de 7 de junho, a propósito de sua pesquisa sobre a genealogia dos famosos, que vem sendo apresentada no programa “Estrelas”, da TV Globo, cujo principal atrativo é revelar parentescos, às vezes distantes, a partir de remotos costados, como foi o caso do ator Miguel Falabella, que se viu ligado, em 10º grau, a Malu Mader e, em 12º, a Débora Falabella.

Barata, frequentador de feiras de antiguidades e leilões de papéis, é também colecionador de álbuns de retratos antigos, peças arqueológicas e raridades bibliográficas. Sobrinho de Mario Barata e sobrinho-neto do historiador paraense Manuel Barata, cuja cadeira ocupa no CBG, tem, portanto, a quem sair.

Instituições

 

Notícias de Instituições Congêneres

Esta seção volta nas próximas edições.

Outras Notícias

Outras Notícias

– A Diretoria, em reunião de 15 de junho, aprovou a indicação dos sóciosAlberto da Costa e Silva, Caio César Boschi, José Arthur Rios, José Murilo de Carvalho, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Maria da Conceição Beltrão, Maria de Lourdes Lyra e Vasco Mariz para Membros de Número Brasileiros da Academia Portuguesa da História, nos termos do Convênio de Reciprocidade assinado com a referida instituição, aprovado pelo IHGB na AGE de 3/07/2013.

Livros Recebidos

ALBERTI, Verena. Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: FGV Ed., 2004. 194 p.

BOMFIM, Manoel. O Brasil na história: deturpação das tradições, degradação política. 2. ed. Rio de Janeiro: Topbooks; Belo Horizonte: PUC Minas, 2013. 486 p.

BRAGA, Roberto Saturnino; BRAGA, Bruno Saturnino. Democracia participativa no Rio de Janeiro: 1986-1988: depoimentos de Jô Rezende, José Augusto Assumpção Brito, Miguel Bahury. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015. 160 p.

CADENA, Paulo Henrique Fontes. Ou há de ser Cavalcanti, ou há de ser cavalgado: trajetórias políticas dos Cavalcanti de Albuquerque (Pernambuco, 1801-1844). Recife: Ed. Universitária UFPE, 2013. 223 p.

CALLAGE NETO, Roque. A cidadania sempre adiada: da crise de Vargas em 54 à era Fernando Henrique. Apresentação José Murilo de Carvalho. Ijuí, RS: Ed. UNIJUI, 2002. 445 p.

CARVALHO, José Murilo de; BASTOS, Lúcia; BASILE, Marcello (Org.) Guerra literária: panfletos da Independência:(1820-1823). Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2014. 4 v.

FRANÇA, Jean Marcel Carvalho; HUE, Sheila.. Piratas do Brasil: as incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral. São Paulo: Globo, 2014. 208 p.

DUARTE, Durango. Imprensa amazonense: chantagem, politicagem, lama. Manaus: DDC Comunicações, 2015. 264 p.

FREIRE, Américo. Sinais trocados: o Rio de Janeiro e a República brasileira. Prefácio Marly Motta. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012. 288 p.

GOMES, Ângela de Castro (Org.). Leituras críticas de Boris Fausto. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008. 234 P.

KURY, Lorelai (Org.). Iluminismo e Império no Brasil: O Patriota: (1813-1814). Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2007. 200 p.

MARKUN, Paulo. Anita Garibaldi: uma heroína brasileira. Prefácio Fernando Henrique Cardoso. 5. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2003. 373 p.

MELLO, José Octávio de Arruda. Ronaldo Cunha Lima: a trajetória de um vencedor: (1936- 2007). João Pessoa: Idéia, 2015. 318 p.

MUNTEAL FILHO, Oswaldo; FREIXO, Adriano de; FREITAS, Jacqueline Ventapane (Org.). Tempo presente, temperatura sufocante: Estado e sociedade no Brasil do AI-5. Rio de Janeiro: PUC-Rio: Contraponto, 2008. 394 p.

PALÁCIOS da borracha: arquitetura na belle époque amazônica. Fotografias Cristiano Mascaro. Textos Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Ed. Fadel, 2014. 256 p.

REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: 2: de Calmon a Bomfim: a favor do Brasil: direita ou esquerda?. Rio de Janeiro: FGV Ed., 2010. 240 p.

SCHWARCZ, Lília Moritz: STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 694 p.

TORRES, João Camillo de Oliveira. O homem e a montanha: introdução ao estudo das influências da situação geográfica para a formação do espírito mineiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. 220 p.

Algumas Pesquisas

AUBERT, Pedro Gustavo (Doutorando) - USP. Brasil imperial. Finalidade: tese de doutorado.

BARTOLO, Ana Cristina (Pesquisadora/Jornalista) - Luneta Editora. Assunto: Casa da Marquesa de Santos. Finalidade: aplicativo para a Casa Marquesa de Santos – Linha do tempo sobre ocupação da casa.

COSTA, Michel Dal Col (Doutorando) - UNIRIO. Assunto: biografias de capixabas do passado. Finalidade: tese de doutorado.

MONTEIRO, Jessica de Oliveira (Mestranda) - UENF. Assunto constituição brasileira. Finalidade: mestrado.

NOGUEIRA, Berna Caroline Vasconcelos (Mestranda) - UFC. Assunto: Thomaz Pompeu de Sousa Brasil. Finalidade: pesquisa para projeto de mestrado.

NOGUEIRA, Ítalo (Jornalista) - Folha de São Paulo. Assunto: censo. Finalidade: matéria jornalística.

PAMPLONA, Nelson V. - CBG. Assunto: brasões. Finalidade: pesquisa, brasões.

PANSU, Morgane (Mestranda) - PUC-RIO. Assunto: índios do Brasil. Finalidade: mestrado.

PEDROSO, Claudio Nascimento (Mestrando) - UERJ, Assunto: história econômica. Finalidade: pesquisa para projeto de mestrado.

PRATA, Jorge (Professor) - UNIVERSO. Assunto: escravidão. Finalidade: livro.

SÁ, Helena de Cássia Trindade de (Universitária) - UNIRIO. Assunto: elites coloniais. Finalidade: projeto de pesquisa.

SANTANA, Thaís R.da Silva (Doutoranda) - UIUC, USA. Assunto: Manaus. Finalidade: doutorado.

SANTOS, Ivan Paulo Silveira (Professor) - UFS. Assunto: história das ruas do Rio de Janeiro. Finalidade: verificar a localização do Pedagogium na rua do Passeio.

SILVA, Thamires Valério Oliveira da (Estudante) - CEFET. Família imperial. Finalidade: pesquisa científica e exposição.

VARELA, Alex Gonçalves (Universitário) - UERJ. Assunto: Andradas. Finalidade: projeto de pesquisa.

VARSANO, Flávia Ribeiro (Jornalista) - Associação Comercial do Rio de Janeiro. -Assunto: Porto do Rio de Janeiro e outras paisagens brasileiras. Finalidade: pesquisa iconográfica para futura exposição.

Clássico da História

A teoria da historiografia como proveniente da ação e conducente à ação parece contrastar com a óbvia observação de que os escritores e conhecedores de história são habitualmente inaptos para ou alheios à política, e os homens políticos, mesmo ignorantíssimos das coisas da história, conduzem não obstante, como o não fariam aqueles, as coisas do mundo. Frequentemente os segundos riem dos primeiros, dirigindo à história, ou à filosofia, um sorriso que todos nós conhecemos, e a que não se pode responder de outro modo senão deixando cair a conversa, reservando as palavras sérias destas coisas sérias para os que as entendam porque as amem, como nós.

O convite para olhar os fatos, em sua importância de fatos, e para não esforçar-se por sutilizá-los com o pensamento, convite usual da parte dos chamados práticos, que nem mesmo de longe desconfiam do sentido de certos problemas (com quanta paciência somos forçados a escutar de parte dos não-filósofos a refutação da irrealidade do mundo externo com o argumento de que esta nova mesa está bem fora de nós; ou a refutação do caráter negativo do mal e da dor com igual argumento de que uma dor de dentes é algo bem positivo), aquele convite, dizíamos, deve ser simplesmente recusado, declarando-se que, no caso sobre o qual se discorre, trata-se exatamente não de olhar, mas de pensar. A teoria não é a fotografia da realidade, mas o critério de interpretação da realidade; e por isso não podemos vê-la com os olhos e senti-la com os outros sentidos, do mesmo modo que Deus (dizia Goethe) não se pode dar a conhecer em pessoa aos respeitáveis senhores professores, porque, infelizmente, “o professor é uma pessoa e Deus não” (der Professor ist eine Person, Gott ist Keine).

Benedetto Croce, A história - pensamento e ação, Rio de Janeiro, Zahar, 1962, p. 145.