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Uma visão, uma análise, uma memória ou um ensaio, por uma historiadora de 84 anos, estas páginas querem inserir.

Devem ser rápidas, serem nada e serem tudo. Mostrarem tranquilidade, observações históricas e revelações.

Primeiro momento

Em 1919, com o fim da primeira guerra mundial, a chamada grande guerra, espalhou-se pelo mundo uma grande gripe, conhecida no Brasil como a Espanhola. Um número enorme de pessoas caía pelas ruas e era apanhado por grandes pás e jogadas num caminhão. E não se precisa falar da conhecida extensa bibliografia sobre o fato. Os corpos, muitos não identificados, foram jogados em valas comuns de enterro. Havia falta de tempo para exumação dos corpos e falta de mão de obra ou coveiros para fazê-lo.

Minha mãe, então com 6 anos (1913-2011) viu pelo jardim de sua casa à rua barão de mesquita 574, acontecer esse recolhimento de corpos. Correu para dentro de casa e contou o fato a sua mãe, portuguesa/espanhola Laurinda Vasques de Queiroz o que vira. A mãe preocupada que a visão do fato traria angústia para a filha criança afirmou: você não viu nada de gente, eram bonecos que estavam jogados fora e cale a boca.

Minha mãe guardou por toda a vida aquelas imagens. Mas, felizmente ou infelizmente não soube mais o que tinha sido aquilo. Os 3 homens irmãos, o pai e a mãe e a empregada contraíram a gripe. O único que continuou em pé com disposição foi seu pai, meu avô português, agricultor e carpinteiro nascido em 1867 em Trás os Montes, Portugal. Diariamente, ele, só, matava um frango criado na casa e colocava inteiro num caldeirão para cozinhar em água, sal e cebola e todos os dias os 5 doentes tinham que comer o frango. E todos se recuperaram.

Essas notícias sempre me acompanharam.

O que é ficar só em casa, trabalhando e salvando toda uma família.

Passaram-se os anos.

Segundo momento

Em 1939 iniciou-se a 2ª. Guerra mundial. Em 1942, então com 7 anos presenciei novas angústias e medos com a declaração de guerra à Alemanha pelo Brasil. Moravam naquela mesma casa meus pais, já casados, 4 crianças, 4 tios, 2 empregadas.

Comprávamos 4 litros de leite, vários quilos de carne, frutas que o fruteiro da esquina mandava e 50 quilos de batata para passar o mês.

Mas as dificuldades que começaram a amedrontar o país, levou o governo a racionar os alimentos. Passamos a receber somente 2 litros de leite e carne, frutas e batatas também racionadas.

E vi minha mãe, tia e avó chorarem e pensarem em fome (estas eram bem gordas). Passaram a se preocupar com a aquisição dos alimentos e com a convocação militar pois me tio paterno, João Bugyja Britto, piauiense, estudante de veterinária, na URurau, então com 18 anos fora convocado para o ”Campo de Batalha”.

E eu pensei: esse pessoal grande é esquisito: vão todos brigar num “campo longe”.

E nos 3 anos que passamos em guerra: de 1942 a 1945 fomos assistindo a questões sobre um possível bombardeiro dos alemães à cidade. Na escola Afonso Pena, também na Tijuca onde entrei, formávamos no pátio fazendo o V da vitória, cantando o Hino Nacional e orando para a guerra acabar.

Mas as notícias e o conhecimento sobre a guerra eram menores do que hoje ocorre com o coronavirus. Apenas um grande rádio, na sala, que falhava, aglomerava meus pais e avós mas a informação era mais oral, de vizinho pra vizinho, de parente para parente, sem celular, telefone, fakes, etc. E apenas um jornal.

Meu tio convocado, embarcou em setembro de 1944 para Itália, mas a Alemanha se rendeu em maio de 1945 e tio João não combateu. Mas o medo acompanhava minha casa, meus pais, meus avós.

Na volta, 1945, meu tio contou me, então com 9 anos que andou muito, com frio de 5 graus negativos, com visões de cidades devastadas, com conhecimento de uma arquitetura de mármore branco, lindíssimo, com sebos e sebos de livros e músicas (era pianista). Hoje passados 75 anos guardo ainda partituras italianas.

E, ao regressar meu tio, com a Medalha de Campanha e o título de reservista do exército brasileiro, percebi a alegria que pode reinar nas coisas da vida.

Medo e angústia são o reverso de alegrias e sorrisos.

Durante a guerra convivi com muitos dias de angústia. Diziam que os alemães iam invadir e bombardear. Em certos dias e horas ocorria o treinamento para os casos de invasão: ninguém podia sair de casa ou se o tivesse de fazer, caminhar rápido na calçada junto ao muro das casas, as mães levavam os filhos rápidos as escolas.

Em certas horas havia sirene de possíveis ataques aéreos Todos deviam se deitar no chão dentro de casa. E ao se deitar no chão da varanda superior daquela casa, comigo para olhar o que acontecia na rua, minha avó foi intimada pelos guardas para sair dali com a menina.

Esse foi o segundo momento que convivi com medo e tristeza dentro de casa.

E o que posso concluir – coube às mulheres a condução desse medo.

Nunca nenhuma das mulheres nos falou o que era uma batalha, nem uma perna dilacerada ou uma dinamite arrebentando paredes. Parecia que não queriam falar muito.

Só choravam e falavam entre si e não queriam que as crianças soubessem muito.

Profunda diferença dos dias de hoje onde as mídias, os fakes, as emissoras disputam as notícias bem dramáticas, sejam de mortalidade ou simplesmente de medo.

Terceiro momento

Em março de 2020 as tvs e jornais anunciaram a enorme mortalidade ocorrendo na China devido a um vírus mostrando cenas muito tristes e também a organização e disciplina dos chineses indo ao trabalho, mas com máscaras cobrindo o rosto. E em 6 meses todo o mundo sentiu medo, tristeza, desconhecimento de como agir e como tratar.

Em primeiro lugar apareceram os “sábios”. Vários infectologistas, médicos famosos e outros especialistas declararam como curaram vários doentes. Tais ou quais medicamentos foram exaltados.

E a saúde pública foi vista como precária, e os mais velhos tinham que ser afastados dos netos. Sinceramente me senti como uma morfética dos tempos bíblicos, pois ninguém podia estar comigo.

O medo da morte, como no livro A peste de Camus, voltou a dominar. Nos 3 primeiros meses, agora com meus 84 anos, observei outra situação daquela de 75 anos. A questão da saúde, morte, mortalidade envolveu-se com a questão política, corrupção, luta entre governos locais e pobreza, pois os mais ricos no Rio puderam se afastar da cidade, dirigirem-se às suas casas de veraneio e dispensar os empregados. Eu mesma passei 3 meses longe do Rio, na Região dos Lagos com minha filha de 60 e genro de 70, sem o medo da morte, lendo Hipócrates, Barry John sobre a grande gripe e Gina Kolata com sua história da pandemia de 1918.

Ao regressar ao Leblon, em junho, após 3 meses longe, lembrei do medo e da tristeza dos milhares mortos no Brasil e no mundo.

Como moro na zona sul me telefonavam e lembravam que minhas ruas e praias estavam com pessoas caminhando!

E ao chegar à varanda o que via eram faxineiro/as, porteiros, empregados dos 3 hospitais próximos dirigindo-se ao trabalho, pois os mais abastados saiam nos seus carros fechados ou trabalham em seus escritórios, em seus computadores, dando aulas, consultas pareceres ou escrevendo.

O edifício, com 24 apartamentos e cerca de 100 moradores, passou esses 6 meses com a metade dos seus ocupantes.

Para mim o medo do isolamento e afastamento dos meus amigos foi maior que o medo da doença. Por quê?

Hoje tenho outras ideias sobre doença, medo e angústia.

Aguardo, mais tranquila, a notícia de que essa doença veio para ficar, como o Aids, a tuberculose, a gripe SARS 18, mas que a ciência vai conseguir, com a medicação, novos hábitos, nova maneira de viver, que ela seja controlada.

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