A discussão sobre a privatização da CEDAE está contrapondo investidores no negócio de distribuição da água e os interesses corporativistas que há longo tempo dominam esta importante empresa do serviço público.
O público, um mero joguete nesta história, um dia cobrará pela mortalidade infantil , e pelas as doencas causadas por esta criminosa demora burocrática e corporativista. Um número que cresce diariamente.
A agua para o Rio teve enorme avanço ao tempo do Governo Carlos Lacerda, quando estudos anteriores são retomados e uma concepção ambiciosa (água até o ano 2.000) é anunciada. Lacerda via longe. Imaginava que assim como Londres com seu Tâmisa , Paris com o Sena e Nova York com o Hudson o Rio deveria ser banhado por um grande rio. E teve em Enaldo Cravo Peixoto um grande executor deste sonho.
Nao havendo rio de porte à mão, captou a água no canal de fuga da hidrelétrica de Nilo Peçanha da Light, 120 metros cúbicos por segundo oriundos do rio Paraíba do Sul e os jogou no leito ampliado do rio Guandu, até então um riacho de vazão desprezível. E nele fez construir a Estação de Tratamento de Água do Guandu, com capacidade de tratar 60 metros cúbicos por segundo. Dela saem as redes que servem a cidade.
Contrariamente à obra concentrda de captar e tratar a agua, sua Distribuicão e coleta de esgoto é a que exige mais mão de obra, mais organização de cadastros, medições individualizadas, faturamento e contr&ole das tarifas, coleta de esgoto, obras rápidas nas ruas para corrigir vazamentos ocasionais etc . Aquela parte que o consumidor é o principal interessado e reclama se fica sem o serviço.
Privatizada a distribuição o consumidor passará a ter a quem reclamar ele se torna o ponto mais mais importante da longa cadeia que se inicia a centenas de quilometros quando uma gota de chuva cai na terra. Não mais a empresa ou o Governo. Ele, o cliente, o que vai pagar a conta.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, parece resistir a um ultimo obstáculo corporativo: fixar uma tarifa irrealisticamente alta para a água no atacado, a do Guandu, o que levaria a um valor exorbitante para os consumidores. Ele não pode permitir isso. Comparativos existem: basta ver o quanto pagam as empresas privadas que distribuem água no Ceará, em Niterói, em Alagoas ou em outros cantos do Brasil, para se definir uma tarifa para água em grosso aceitável, algo aí no nível do R$ 1,70 por metro cúbico. Já seria a mais alta do Bra sil. Mais, é sustentar ineficiencia, apadrinhamento, corporativismo e crime de responsabilidade contra a população carioca e fluminense.
Que todos sejam razoáveis, a CEDAE ficando com o suprimento em grosso e as empresas privadas com a distribuição. Ambas sujeitas à fiscalização que assegure qualidade e universalização.
Publicado no jornal O Globo em 05/12/2020