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Comecemos pela precisão conceitual. Ao falarmos de pandemia, estamos nos referindo a algo recorrente na história, e existente em diferentes sociedades e culturas. Costumávamos denominá-la epidemia, palavra grega também adotada no latim medieval e nas línguas originadas na Idade Média. É registrado o uso de “epidemia” desde o século XII nessas línguas, mas sabemos que a coisa precedeu de muito a palavra.

A mudança de denominação, epidemia para pandemia, é mais um efeito da globalização. Como indica o prefixo pan, aliás também de origem grega, refere-se à totalidade ou inteiridade de algo e se refere à extensão mundial da doença.

De qualquer modo, a noção de epidemia já envolvia uma coletividade de doenças. Em português desde a época medieval falava-se indistintamente em peste, pestilências, contágios, febres ou malignas para se referir a enfermidades como tifo, peste bubônica, cólera, gripes ou desinterias, embora doenças endêmicas como varíola, sarampo e febre amarela tivessem também surtos epidêmicos.

As referências às epidemias, frequentemente generalizadas como “pestes”, muitas vezes envolviam o problema da fome – após catástrofes naturais como secas ou chuvas volumosas – ou da guerra e não por acaso estão associadas no Livro do Apocalipse de São João, escrito entre os anos 95 e 100 da Era Cristã. Pouco mais de um século antes Virgílio, no terceiro canto da Eneida, faz o herói Enéas desistir de ir para Creta quando recebe a notícia de que havia a peste na ilha. Se recuarmos quase um milênio, ela aparece em Homero: a Ilíada narra o irrompimento da peste no acampamento grego que sitiava Tróia.

As epidemias apareceram muitas vezes e em diferentes momentos do desenvolvimento das sociedades. Na Antiguidade clássica, além do episódio dos tempos homéricos, é famosa a grande peste que assolou Atenas durante da guerra com Esparta, que não poupou sequer a maior personalidade política grega, Péricles. Também Roma sofreu seus efeitos e teve a sorte de contar com dois grandes imperadores para enfrentá-la, Antonino Pio no século II d.C. e Justiniano, no século VI.

Na Idade Média a epidemia mais conhecida, a Peste Negra de 1346-1348, foi na verdade o ponto alto de uma série de epidemias que se estenderam por um século. Podemos na verdade dizer que há uma continuidade multissecular entre as epidemias medievais e as modernas, até o século XIX, ou mesmo os séculos XX e XXI, se incluirmos as gripes espanhola e asiática e agora a pandemia da Covid-19.

A Inglaterra de Shakespeare, na virada do século XVI para o XVII teve vários surtos epidêmicos e o rei Jaime I, em 1603, não teve festa de coroação devido à doença. Portugal, com uma atividade comercial intensa a facilitar os contatos entre as pessoas e consequentemente a transmissão de doenças, teve uma primeira peste registrada em 1188 e outra logo em 1202, que matou “a terça parte das gentes”, como dizem os documentos.

Durante toda a época dos descobrimentos o país foi assolado por epidemias: a “peste grande” de 1569, vinda de Veneza, matou 60.000 pessoas somente em Lisboa, para uma população em torno de 120.000 e foi seguida da “peste pequena” de 1598, que veio da Flandres, onde aliás havia uma guerra violenta entre holandeses e espanhóis. Em muitas ocasiões os monarcas não foram poupados: o rei D. Manuel, em cujo reinado os portugueses chegaram ao Brasil, morreu de uma “pestilença” -encefalite letárgica – trazida do norte da África e disseminada no país em 1521.

Na conquista e colonização da América as epidemias também deixaram um rastro de destruição: basta lembrar a febre entérica, provocada pela Salmonella, que dizimou milhões de indígenas no México em 1545 e as epidemias de varíola e febre amarela no Brasil colonial.

No século XIX foram muitas as epidemias, como as de cólera, que atacou toda a Europa, a América e o Oriente em ondas sucessivas e no século XX a devastadora gripe espanhola, no final da Primeira Guerra Mundial, que se estima ter dizimado trinta milhões de pessoas.

Os progressos da medicina desde fins do século XVIII, com a descoberta da vacina contra a varíola por Jener, permitiram neutralizar substancialmente o problema das epidemias, sem contudo erradicá-las em definitivo.

A partir desse quadro, podemos perguntar: quais as atitudes mais frequentes que encontramos ante as epidemias?

Para responder, precisamos distinguir entre as reações da sociedade e as dos governos e poderes públicos.

No caso das sociedades, encontramos a atitude de desespero e fuga: foi frequente a situação de uma vez constatada a existência da peste, a fuga desabalada por temor ao contágio – saída que muitas vezes facilitava a disseminação da doença, que seguia junto com os migrantes. Outra reação foi a da conversão religiosa, com a epidemia sendo associada ao pecado. Uma terceira, a do isolamento, com as pessoas se refugiando em locais que permitiam diminuir ao mínimo os contatos externos. Esta solução foi diretamente responsável por estimular a criação intelectual: Bocácio compôs o Decameron durante a Peste Negra, Shakespeare escreveu peças no seu retiro forçado e Newton esboçou a teoria da gravitação na peste de 1665.

Uma quarta reação, menos razoável mas não menos frequente foi descrita pelo poeta Giacomo Leopardi no contexto de uma das epidemias de cólera na década de 1830. Dizia ele que

“Existe, é estranho dizer, um desprezo pela morte e uma coragem mais repugnante e mais desprezível que o medo: é o dos negociantes e outros homens que se dedicam a ganhar dinheiro e que muitíssimas vezes, por ganhos até mínimos e sórdidas economias, recusam-se obstinadamente a adotar cuidados e providências necessários à própria conservação e se expõem a riscos extremos... Dessa abominável coragem há exemplos famosos, que provocaram danos e tragédias a povos inocentes, na ocasião da peste, mais conhecida como Cholera morbus, que flagelou a espécie humana nestes últimos anos”.

No caso dos poderes públicos, as atitudes também variam. Há governos que causam ou agravam as epidemias: Péricles, após trinta anos de governo brilhante em Atenas, foi acusado de trazer a peste e a fome para a cidade, pois determinou que a população dos campos nela ingressasse para melhor combater os espartanos. Há as autoridades que negam ou censuram as informações: na Primeira Guerra Mundial os governos da Grã Bretanha, França, Alemanha e Estados Unidos censuraram as notícias sobre a epidemia de gripe espanhola para evitar o pânico nas fileiras e entre as populações. Há a politização e partidarização dos problemas sanitários, como ocorreu na Revolta da Vacina no Rio de Janeiro, contra a obrigatoriedade da vacinação antivariólica, liderada por políticos como Lauro Sodré, Barbosa Lima e o Apostolado Positivista. E existe também o enfrentamento positivo, com a adoção de medidas sanitárias sistemáticas e eficazes, como o Japão da era Meiji enfrentando o cólera, o Brasil de Juscelino Kubitschek contra a gripe asiática e os exemplos de vários monarcas medievais e modernos, como o rei português D. João II, que no século XV determinou regulamentos de higiene ou o cardeal-rei D. Henrique, que em 1580 determinou um eficaz isolamento sanitário das fronteiras terrestre e marítima do país.

Podemos também formular outra pergunta: quais os efeitos das epidemias? Obviamente cada uma merece tratamento específico, mas podemos encontrar alguns traços comuns a muitas delas.

A quebra demográfica é a mais evidente. Nos casos limite das grandes epidemias, chegou-se a situações de um terço à metade de perda populacional. Nos episódios mais conhecidos das epidemias europeias, a parcela mais pobre da população, majoritária, foi a mais afetada, por motivos como o adensamento físico, a má nutrição e a habitação precária, não obstante as perdas terem ocorrido transversalmente na sociedade.

A tensão social é uma constante, acompanhada pela desarticulação econômica, com queda no comércio e na produção agrícola e manufatureira, como aconteceu na Peste Negra. Em consequência, exacerbação dos conflitos, o que pode explicar a frequente associação entre peste, fome e guerra. Inflação, muitas vezes, com o paradoxo de que a alta de preços também se dá na remuneração da mão de obra, devido à escassez de braços.

A duração da crise e da recuperação é variada, dependendo da extensão dos estragos ocorridos, da qualidade da reação e da extensão geográfica da epidemia. Da mesma forma é variada a presença mais ou menos forte na memória das pessoas, por sua vez dependente da gravidade do choque – o que se reflete muitas vezes com grande fidelidade na literatura, na pintura e na tradição oral.

Por último, pode ocorrer a revisão de valores em diferentes camadas da sociedade, pela revalorização da vida e da individualidade. Neste aspecto o pós- Peste Negra também é significativo, pois tem sido associado – sem que se deva exagerar na relação causa e efeito – ao desenvolvimento do individualismo e do antropocentrismo como se manifestou no Renascimento, a partir do século XV.

Vários desses aspectos, isolados ou combinados, podem ocorrer na atual pandemia, mas é cedo para afirmações categóricas sobre semelhanças. Podemos, entretanto assinalar como diferença o choque da realidade epidêmica: as sociedades, sobretudo as mais desenvolvidas, estavam acostumadas a condições assépticas, nas quais as epidemias pareciam coisa do passado ou de áreas subdesenvolvidas. Muito diferente da realidade até o século XIX, em que as epidemias nada mais eram do que surtos – aliás quase corriqueiros – de uma situação endêmica subjacente. A frequência com que incidiam pestes, às vezes uma a cada década, contrasta assim com a pandemia do coronavirus, que por suas características só pode ser comparada à da gripe espanhola – o que dá a diferença de um século.

Dessa vez também existe radicalidade dos efeitos, como em outras epidemias. À luz da comparação histórica, podemos constatar que aparentemente ela se manifesta quanto a alguns aspectos:

- extensão: pela nova escala, planetária, de incidência por seus efeitos sanitários, sociais e econômicos, diferente das anteriores;

- celeridade do contágio: pela mais rápida e maior disseminação com interação muito mais intensa das sociedades do que em qualquer situação histórica anterior;

- resposta científica: pela reação inédita rapidez no desenvolvimento das pesquisas e no grau de sua integração internacional;

- adaptação econômica: evidenciada pelas novas potencialidades, inclusive a acentuação de tendências pré-existentes viabilizadas pela tecnologia, como o home office.

Tomando-se como referência a relação epidemias-história, possivelmente errará quem entender que após a pandemia nada será como antes; possivelmente errará também quem disser que tudo será como antes. Como de hábito, o dificilmente este processo histórico deixará se ser misto de continuidade e ruptura.



 

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