ResumoEm 2002 comemorou-se o centenário de Os Sertões, obra que traz o emblema do reconhecimento público, sempre aberta a novas leituras e interpretações, comentários e traduções. Na oportunidade, importa também iluminar a perspectiva familiar, suas impressões e contribuições para a construção da identidade euclidiana nos quadros da memória social. Para além do conhecimento elaborado sobre o escritor, engenheiro, homem público, alçado à condição de mito da nacionalidade, ao longo do tempo, a vida privada parece apagar-se ou obscurecer-se no silêncio, em favor da obra criada e sempre redescoberta. Quem é Euclides da Cunha para seus descendentes? Quais os limites entre o homem e o mito? Em que medida a família contribui para o processo de reelaboração do imaginário construído sobre o homem morto e sua memória privada? O passado pode ser reencontrado? Este artigo tem por objetivo analisar o longo trabalho de um membro da família, guardião da memória desse personagem marcado pela tragédia que o arrancou da vida, perpetuado pela obra maior que revelou e desvelou aspectos da vida nacional até então apagados pela história oficial. Palavras-chave: Euclides da Cunha; Centenário de Os Sertões; Memória e História. |
AbstractThe centennial of Os Sertões was celebrated in the year of 2002; this work carries with itself the stamp of public recognition, as it is always open to new readings and interpretations, comments and translations. At this celebration, it is also important to highlight the familiar perspective, its impression and contributions to building up the Euclidian identity in the social memory framework. Far beyond the knowledge drawn up on the writer, an engineer, a public personality, raised to the condition of nationality myth, throughout time private life seems to fade away or remain obscure in silence, to the benefict of the work created and always rediscovered. Who is Euclides da Cunha to his descendents? What are the limits between the man and the myth? How much did the family contribute to the process of redrafting the imaginary built upon the dead man and his private memory? Can the past be found again? This article aims at analysing the long task of a family member, custodian of the memory of this character branded by the tragedy which stole life away from him, perpetuated by the masterpiece which revealed and brought to light aspects of the national life hitherto effaced by official history. Key Words: Euclides da Cunha; Centennial of Os Sertões; Memory and History. |