Resumo
Do livro de 1840 do rebelde monsenhor Muniz Tavares, passando pelas notas de Oliveira Lima em 1917 sobre o acontecimento e pelos documentos da devassa que J. H. Rodrigues publicou pela Biblioteca Nacional na década de 1950, até os estudos posteriores, o movimento de 1817 viu-se predominantemente tratado como uma revolução, sinal das crescentes tensões na colônia a caminho da Independência. Este trabalho dirige o olhar em direção diversa. Pretende destacar os constrangimentos em que os agentes da época estavam envolvidos, seja em termos dos instrumentos mentais que tinham à disposição, seja por efeito da insatisfação gerada pelos agravos que sofriam. Para tanto, apoia-se no Rubro veio de Evaldo Cabral de Mello e em outras obras; vale-se da experiência adquirida ao tratar, no passado, da suposta conspiração de 1801; recorre eventualmente à considerável documentação da devassa; e, mais importante, lança mão de alguns documentos inéditos ou pouco conhecidos, coletados pelo saudoso David Higgs, tendo em vista uma investigação conjunta, que nunca chegou ao cabo, sobre Bernardo Luís Ferreira Portugal, o deão da sé de Olinda.
Palavras-chave: 1817; Revolução; Clero; Independência do Brasil; Historiografia.
|
Abstract
From the 1840 book written by the rebellious monsignor Muniz Tavares, along with the notes Oliveira Lima wrote in 1917 and the documents about the event published by J. H. Rodrigues at the Brazilian National Library in the 1950s, to the subsequent studies on the topic, the 1817 movement has been mainly regarded as a revolution, as a sign of the mounting unrest in the colony marching toward Independence. This paper takes a different approach. It highlights the restraints the historical agents faced when dealing with the mental instruments at their disposal, as well as the discontent that arose from the grievances they suffered. To do so, it relies on Evaldo Cabral de Mello’s Rubro veio and other works; returns to a previous study of the 1801 conspiracy; draws on a few documents from the enormous 1817 investigation; and, above all, examines unpublished ones collected by the late David Higgs, intended to foster a joint research about Bernardo Luís Ferreira Portugal, the dean of Olinda’s cathedral, but never fully realized.
Key Words: 1817; Revolution; Clergy; Independence of Brazil; Historiography.
|