Resumo
A Farroupilha (1835-45), a guerra mais longa da história brasileira, ocorreu durante o período crítico da era da construção nacional. Sua perda, para forças separatistas de origem nacional, teria sido um golpe severo em tais esforços do Império. Com a independência, o republicanismo federal poderia ter se espalhado Norte acima para outras províncias insatisfeitas, ou para as fronteiras hispano-americanas em aliança com um ou mais estados voláteis, gerando grandes consequências para a segurança. No Sul, escassamente povoado, os rebeldes pediram um alistamento adicional, especialmente o apoio da infantaria, para fornecer poder de fogo concentrado e manter os territórios conquistados. Uma vez que os sentimentos provinham de fortes tradições pecuaristas, de raça, de produtores de gado excluídos e, em menor extensão, de seus agregados e peões, para se tornarem soldados rasos, os negros eram os únicos candidatos viáveis. Farrapos não se voltou para seus próprios escravos, mas para aqueles que eram procurados nas províncias Legalistas. Estes viriam a compreender cerca de um terço dos exércitos inimigos em expansão. Conforme a rebelião desacelerava, a infantaria e cavalaria negras se tornaram militarmente mais importantes para a sobrevivência da República. Mesmo enquanto Caxias se aproximava, as tropas negras politizadas e já testadas no campo de batalha provaram ser um obstáculo inquietante para seus planos de pacificação, demonstrando seu real poder nas políticas de fronteira caudilhas, e os empurrando para mais perto dos ambiciosos caudilhos orientais, que os viam como recrutas. A surpreendente vitória do Império, a orquestrada Surpresa de Porongos, em 14 de novembro de 1844, foi a solução.
Palavras-chave: Escravidão; Rio Grande do Sul; Farroupilha; Barão de Caxias; libertos.
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Abstract
The Farroupilha (1835-45), the longest war in Brazilian history, occurred during the critical era of nation building, and its loss for the Empire, to home grown secessionist forces, would have been a severe blow to these efforts. With Independence, federal-republicanism could carry northward to other restive provinces or across Spanish-American borders in alliances with one or more volatile states, creating major security consequences. In the sparsely settled south, the rebels required additional recruits, especially infantry support, to provide concentrated firepower and to hold territory won. Since sentiments arising out of strong traditions of ranching, race, and class excluded cattlemen and, to a lesser extent their agregados and peões, from becoming foot soldiers, blacks were the only viable candidates. Farrapos turned not to their own slaves, but to those they seized from provincial Loyalists, and would comprise about a third of the elastic rebel armies. As the rebellion wound down, black infantry and black horse soldiers, became militarily more important to the Republic’s survival. Even as Caxias closed in, the battle-tested politicized black troops proved an unsettling stumbling block to his pacification plans, demonstrating their real power in frontier caudillo politics, and pushing them closer to ambitious Oriental caudillos, who eyed them as recruits. The stunning Imperial victory, the arranged Surprise of Porongos, November 14, 1844, was the solution.
Key Words: Slavery; Rio Grande do Sul; Farroupilha; Barão de Caxias; libertos.
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